Confira notícias do dia 23 de junho da Resvista Época

por Juliano Machado

1. Atos secretos já envolvem pelo menos 37 senadoresA conta é feita pelo Estadão. Segundo o jornal, a edição de atos secretos beneficiou ou obteve o aval de ao menos 37 dos 81 senadores desde 1995 - o que dá uma assustadora fatia de 45% da Casa. Outros 24 ex-parlamentares também tiveram algum tipo de relação com as decisões por baixo dos panos. E não há distinção partidária - PT, DEM, PMDB, PSDB, PDT, PSB, PRB, PTB e PR estão na lista. Ontem, foi revelado pelo Blog do Noblat que mais um afilhado político do presidente José Sarney (PMDB-AP) ocupa cargo na Casa: é Raimundo Nonato Quintiliano Pereira Filho, diretor da Fundação José Sarney, em São Luís, mas lotado no gabinete de Edison Lobão (PMDB-MA) . É o 11º na conta de Sarney.
2. Senadores pedem saída de Sarney e acusam Agaciel de chantagemFalando em Sarney, alguns colegas do presidente pediram ontem, em plenário, sua saída do cargo, informa O Globo. Para Cristovam Buarque (PDT-DF), Sarney “não está tendo a percepção da crise” e sugeriu ao presidente que se licencie por dois meses. Arthur Virgilio (PSDB-AM) afirmou, dirigindo-se a Sarney: “Vossa Excelência não necessariamente tem que sobreviver. Quem tem que sobreviver é o Senado Federal.” E acusou o ex-diretor geral do Senado, Agaciel Maia, de usar os atos secretos para chantagear senadores e se perpetuar na função. Para Virgilio, Maia “tem mestrado e doutoramento em chantagem” e, ao lado do ex-diretor de Recursos Humanos João Carlos Zoghbi, seria um “ladrão comprovado”. Os termos usados por Virgilio são um sinal de que o clima no Senado é inviável - ou se faz algo realmente sério ou a lama toma conta de tudo.
3. Procuradores defendem comando civil nas buscas no AraguaiaOs procuradores da República exigem que as buscas pelos corpos de guerrilheiros mortos no Araguaia, durante a ditadura, sejam feitas sob comando de civis. As famílias dos desaparecidos também rejeitam a liderança militar das operações, por suposta falta de isenção. O trabalho pode não ser tão complicado quanto parece, dadas as informações reveladas pelo Major Curió ao Estadão. Segundo o ex-agente da repressão, os militares usavam algumas áreas como campo de execução dos prisioneiros. Um desses pontos ganhou o nome de Clareira do Cabo Rosa, em referência a um cabo morto pelos guerrilheiros. Ontem, o presidente do Supremo, Gilmar Mendes, defendeu a abertura de todos os arquivos desse período, citando o direito à verdade. Até quando os detentores desses registros vão sonegar parte da nossa história?
Economia4. Geração de empregos é a maior desde o início da criseO mês de maio registrou a criação de 131,6 mil postos de carteira de trabalho assinada, no saldo de contratações e demissões, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). É o quarto mês seguido de crescimento de vagas e o melhor resultado desde setembro de 2008, quando a crise econômica começou a se agravar. No entanto, como relata a Folha (para assinantes), essa recuperação ainda não foi suficiente para compensar os 797,5 mil empregos formais extintos de novembro de 2008 a janeiro de 2009. Para o economista Fábio Romão, ouvido pelo jornal, esse déficit só deve ser zerado em setembro. Todos os setores apresentaram uma melhora no quadro de contratações, mas a indústria ainda segue em marcha lenta: só 700 empregos com CLT foram abertos no mês passado.
Voo 4475. Submarino teria captado sinais da caixa-preta, diz jornalUma informação do jornal francês Le Monde trouxe esperanças sobre uma eventual resolução do enigma do voo 447 da Air France. O submarino Nautile, da Marinha francesa, teria captado sinais sonoros “fracos” emitidos pelas caixas-pretas do Airbus. E, com isso, o equipamento já estaria sendo direcionado de acordo com esses sinais. O porta-voz das Forças Armadas da França desmentiu a informação, e o BEA, órgão do governo francês responsável pelas investigações, informou que fará um comunicado assim que tiver uma informação precisa.
Telecomunicações6. Telefônica suspende venda do Speedy, mas recorreA Telefônica acatou a decisão da Anatel e suspendeu a venda de assinaturas do Speedy, serviço de internet de banda larga. Não há previsão para a retomada da comercialização do produto, mas a empresa informou ao portal G1 que vai recorrer administrativamente, diretamente na Anatel, para tentar um efeito suspensivo e “entender melhor a decisão”. Será que ainda há alguma dúvida sobre o porquê da decisão? As panes em sequência e a liderança das reclamações registradas por consumidores no Procon parecem mais do que suficientes para explicar.
7. Gripe suína avança no Brasil, e Anvisa reforça fiscalizaçãoO frio e o feriado de Corpus Christi, quando centenas de brasileiros foram à Argentina, são apontados como as principais causas para a recente disparada no número de casos de gripe suína no país - quase metade dos doentes foi infectada na Argentina. Agora, já são mais de 240 os brasileiros com o novo vírus, dos quais a maioria em São Paulo, onde três escolas anteciparam as férias depois de alunos serem contaminados. No Rio, hoje, a Vale isolou 1 andar de seu prédio e 90 funcionários entraram em quarentena, depois que um empregado pegou a gripe na Argentina. Diante disso, informa o Estadão, a Anvisa decidiu reforçar a vigilância em portos e aeroportos. Para entrar no Brasil, viajantes chilenos e argentinos terão de apresentar um atestado de saúde.
Mundo8. Neda, a face da resistência no IrãO rosto da bonita jovem iraniana Neda Soltani, de 27 anos, estampa a capa da maioria dos jornais no mundo inteiro. Ela teria sido morta após ser alvejada no coração por um membro da milícia basij, no meio de um protesto da oposição em Teerã, e seus últimos momentos foram registrados num vídeo que virou um fenômeno na internet (como o governo do Irã bloqueou o trabalho dos jornalistas estrangeiros, não é possível verificar as circunstâncias do episódio, mas é difícil crer que a agonia de Neda tenha sido forjada). Para o The Guardian, Neda já é “a face da resistência”. Num país de maioria xiita, em que a noção de martírio é cultuada, a repressão do governo pode ter cometido um grande erro ao ceifar a vida de uma mulher aparentemente inocente, que não jogava pedras nem desafiava a polícia. Ou seja, o perfil ideal do mártir. Alheio a essa discussão, o Conselho de Guardiões anunciou que não vai anular as eleições, mesmo com a confirmação de fraudes. Ou seja, querendo ou não, todos os iranianos terão de assistir à posse de Mahmoud Ahmadinejad para o segundo mandato, em agosto.
9. Obama aprova lei polêmica antitabacoFumante ocasional, o presidente Barack Obama aprovou ontem uma lei que proíbe a propaganda de cigarros em áreas próximas a escolas e parques infantis públicos. É uma forma de evitar o estímulo ao consumo de tabaco entre os jovens, informa o The New York Times, dado que quase 90% dos americanos começaram a fumar ao completarem 18 anos ou antes disso. Outro ponto da lei diz que a FDA, a agência federal que regula medicamentos e alimentos, terá o poder de pedir a eliminação ou redução de ingredientes considerados nocivos à saúde. Aí reside a polêmica. Uma pesquisa do instituto Gallup mostrou que 52% dos entrevistados são contrários à lei, e 60% desse grupo não aprovam a maior interferência da FDA nesse setor, alegando cerceamento ao direito de escolher entre fumar ou não. Pouca gente tem lembrado, mas em agosto começa a lei linha-dura do governo paulista contra o cigarro em estabelecimentos públicos fechados. O debate de lá vai vir para cá daqui a pouco.
Cultura10. Ministério libera produtores de Caetano a usar Lei RouanetUma das recentes polêmicas do mundo artístico ganhou novo capítulo ontem. O Ministério da Cultura autorizou, por meio de decisão publicada no Diário Oficial, os produtores de Caetano Veloso a se valer dos benefícios fiscais da Lei Rouanet para bancar os shows de divulgação do CD Zii e Zie. A medida ocorre depois de a Folha (para assinantes) ter revelado que, em maio, o Conselho Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC) havia considerado o “Tour Caetano Veloso”, estimado em R$ 2 milhões, comercialmente viável - ou seja, não precisava de incentivos da lei. O caso abriu a discussão sobre a necessidade de artistas consagrados disputarem benefícios fiscais. O ministro Juca Ferreira diz que a Lei Rouanet não tem nenhuma proibição nesse sentido, mas não é a primeira vez que há um atrito entre o CNIC e o gabinete do ministério