O advogado Antônio Filho, ligado ao Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos de Açailândia (CDVDH), está ameaçado de morte por denunciar a violência, o crime e a impunidade tão comuns no Maranhão. Este assunto tem relação com a reportagem veiculada ontem (30/01) no Fantástico (TV Globo) sobre a situação das delegacias de polícia do Brasil.
A matéria citou o caso do fazendeiro Adelson Veras Araújo que vive em Açailândia e tinha ordem de prisão dada pela Justiça maranhense, desde abril de 2009, mas, até este mês de janeiro de 2011, não tinha sido preso pela policia do Governo de Roseana Sarney Murad.
Um absurdo! Um ano e nove meses depois da decisão judicial ele continuava solto, andando tranquilamente pelas ruas da cidade. O advogado Antônio Filho denunciou várias vezes esta situação. Por isto, ele está ameaçado de morte, tendo sido recentemente incluído no Programa Nacional de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos (PPDDH) do Governo Federal. Estas informações não foram dadas pela matéria da Globo que também não citou o governo dos Sarney, que está evidentemente envolvido em mais este escândalo.
A TV não disse ainda que Adelson tem uma história de vida ligada ao trabalho escravo e “sua” fazenda está dentro de uma área de reserva ambiental protegida por Lei Federal, a Reserva Biológica do Gurupi. O inquérito policial concluiu que ele e várias outras pessoas, são responsáveis por dois homicídios e ocultação de cadáveres.
O Vias de Fato esteve em Açailândia na semana passada. Foi acompanhar o lançamento do Atlas do Trabalho Escravo no Maranhão, livro que contou com a participação deste mesmo advogado Antônio Filho. Na ocasião, soubemos que a equipe da Globo (Fantástico) tinha estado na cidade e que a matéria com as barbaridades ocorridas no Maranhão deveria ter saído no domingo anterior (23/01) e não saiu. Segundo conseguimos apurar o Governo do Maranhão pressionou muito a direção da Globo para que a matéria não fosse veiculada.
Sem conseguir impor a velha e conhecida censura de sempre a oligarquia ganhou uma semana, informando a emissora dos Marinho que iria mandar prender o fazendeiro na sexta feira (28/01), o que de fato aconteceu. A idéia foi tentar reduzir o escândalo, fazendo com que a matéria saísse depois que Adelson Veras Araújo fosse preso.
Mas, sobre este caso da prisão feita às pressas para não desmoralizar um governo que já nasceu desmoralizado, é provável que os advogados do fazendeiro preso entrem com um pedido de habeas corpus, para que ele seja colocado em liberdade o mais rápido possível.
É importante que as organizações populares, as redes sociais, a esquerda maranhense, os políticos e deputados verdadeiramente de oposição e o que existe de mídia livre no Maranhão, olhem com atenção este caso. Inclusive, apoiando e dando cobertura para as pessoas ligadas ao Centro de Defesa da Vida de Açailândia, que atuam nesta região que um dia foi batizada como Bico do Papagaio.
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