Com exclusividade Genilson Alves fala ao blogue SÃO MATEUS EM OFF





Genilson Alves, 33 anos, filho de lavradores, Jornalista de profissão, servidor concursado do Tribunal de Contas do Estado. Iniciou sua militância política no movimento estudantil da UFMA, morou em república de estudantes e foi presidente da Associação dos Servidores do TCE/MA. Foi candidato a prefeito em 2004, a deputados estadual duas vezes, em 2006 e 2010, e a vice-prefeito nas eleições de 2008. Atualmente é membro da Executiva Estadual do PT no Maranhão.
Governador Jackson Lago [In memoriam] e Genilson Alves
GENILSON ALVES, COMO VOCÊ AVALIA A ATUAL CONJUNTURA POLITICA NO MUNICÍPIO DE SÃO MATEUS?
São Mateus padece da ausência do poder público. Falta ação, iniciativa, governo. A administração sofre de paralisia e é levada no improviso; os secretários não têm autonomia e a prefeitura é tratada como coisa de família. Por isso a decepção geral. Ruas e avenidas intrafegáveis; falta de estrutura e péssimo atendimento no hospital; perseguição e desvalorização de servidores; abandono da zona rural; descaso com a qualidade do ensino; ausência de uma política de desenvolvimento local; descompromisso com a juventude, a cultura e o esporte. Não há transparência no gasto do dinheiro e a comunidade não participa das decisões. A cidade clama por mudança. E acredito que o veredito das urnas no ano que vem é por mudança pra valer.

Miltinho Aragão e Genilson Alves


COMO ANDA A RELAÇÃO POLÍTICA ENTRE GENILSON ALVES E MILTINHO ARAGÃO?
Absolutamente amistosa. Não existe relação de ódio, mas perdeu-se a relação de confiança política. Alguns preferem marcar sua trajetória política com lealdade, respeito, honrando compromissos e cumprindo a palavra. Outros não. Claro que gera a decepção, até revolta. Mas faz parte do processo político. Como toda decisão na política gera uma conseqüência, a decisão política deliberada de não honrar o compromisso conosco na eleição de 2010, nos afasta completamente de uma reaproximação para as eleições 2012. Já fizemos nosso sacrifício em 2008, ao renunciar a candidatura em favor da união da oposição, mas não valorizaram nosso gesto, mas ele está registrado na história. Está na hora de outros fazerem seu gesto. Às vezes, na ansiedade de resolver um problema imediato, tomam-se decisões deixando de refletir estrategicamente e acabam criando um outro muito maior. Infelizmente não preservaram os laços construídos em 2008, da luta, da união, do suor, da lealdade e solidariedade. Não posso agora ser penalizado pelo
erro dos outros. Nosso rompimento é, portanto, de natureza estritamente política.


Como serão feitas as alianças partidárias do PT para as eleições de 2012?
Nosso desafio é fazer uma aliança para além dos partidos. Uma aliança com o conjunto da sociedade, dialogando com a juventude, trabalhadores rurais, igrejas, movimento de mulheres, comerciantes, juventude. Vamos mostrar para a sociedade e para as lideranças partidárias que somos capazes do conduzir um projeto de transformação da realidade, com base em outros valores, onde as pessoas possam ser respeitadas em sua dignidade. Naturalmente que nossa visão política aponta para a luta pela garantia dos direitos, organização das categorias, defesa da coisa pública e luta pela emancipação humana, na construção de uma sociedade justa e fraterna, uma sociedade socialista. Todos aqueles partidos que comungam conosco deste ideal de sociedade serão bem vindos e vamos ampliar o diálogo com todas as forças progressistas da cidade e com os partidos do campo popular.


Com se viabilizará a candidatura do PT se hoje, podemos dizer, que o PT é comandado pelo Sarney? Podemos esperar uma candidatura apoiada pelo governo do estado?
A candidatura do PT de São Mateus é uma deliberação do Diretório Municipal do Partido e que conta com todo apoio do Diretório Estadual. Não sou qualquer um no PT, sou Membro da Executiva Estadual, Secretário Estadual de Formação Política e dialogo com todas as forças políticas internas. Em 2010 o PT aprovou em Congresso que faria tudo pela eleição da Dilma, por isso a união com Sarney. Hoje o Partido deliberou em nível Nacional que será tudo pelo fortalecimento do Partido, ampliando sua inserção na municipalidade. Todos conhecem nossa posição dentro do Partido, sou e sempre fui antisarney, ligado ao grupo do deputado Domingos Dutra e estivemos juntos com Jackson Lago e Flávio Dino. Portanto, não há possibilidade de apoio do governo à nossa eventual candidatura porque temos posições políticas diferentes sobre o Maranhão. Tenho discordância da opinião política do nosso Presidente Monteiro e do vice-governador, Washington Luis, sobre o plano estadual, mas respeito a ambos, e temos o apoio dos dois. E não terei nenhum óbice para viabilizar, partidariamente, uma candidatura competitiva, com marca ideológica do imaginário petista e de um quadro partidário que goza de respeito de todas as forças políticas internas do Partido dos Trabalhadores no Estado. Vai errar feito quem apostar e
torcer pela interferência do PT no sentido de inviabilizar nossa candidatura futura.


Você não acha que caso não consiga uma boa votação para prefeito, como foi em 2010 para deputado, pode ocorrer um colapso na sua trajetória política, já que outros candidatos terão uma grande estrutura, como um candidato do governo, empresários, advogado ou outros?
Nossa motivação na política é outra. Fundamental não é minha carreira política, se vai dar certo ou não, se vou tirar muito ou pouco voto. Nos propomos a representar um Projeto, um ideal, um sonho. Apresentar uma proposta onde as pessoas possam se sentir representadas. Onde os agentes de saúde sintam suas reivindicações acolhidas; onde os professores enxerguem um compromisso diferenciado com a valorização e qualificação profissional; onde a juventude possa acreditar em uma política engajada na luta pelo emprego, formação profissional, mas que conheça também o teatro, o cinema, a dança, o futebol, etc.
A personalidade política precisa construir uma identidade. As pessoas só confiam quando há coerência na atuação. E naturalmente o resultado eleitoral vem junto. É idiotice imaginar que o povo não entende nada, não sabe decidir. O povo está atendo a tudo e dará seu veredito. O maior recuo que fiz foi quando aceitei ser vice do Miltinho Aragão. Naquele momento histórico nossa avaliação era que a única chance de derrotar o mal maior era com a união da oposição. Sempre fiz críticas ao Miltinho e não escondi isso quando fizemos a aliança. Não somo iguais: ele ajudou um deputado do PSDB para votar contra os programas sociais em Brasília, eu votei no Dutra, da base de apoio do Lula. É outra formação, outra geração. Mas ele é do PSB, um co-irmão do PT, já votou no Lula, em Jackson e não se corrompeu no poder. Portanto era uma aliança que tinha identidade. Mas ele se aliou com o oposto, ao ser vice do Rovélio em 2000, que, apesar de estar no poder, perderam a eleição.
Alguns preferem colocar o fator financeiro na frente do elemento político e aí está o erro. Foi o que fizeram comigo em 2010. Fui preterido por alguns do grupo, comandados pelo Miltinho, por eu não ter dinheiro para a campanha, subestimando toda força militante/mística acumulada com a campanha de 2008. O resultado todos conhecem: Rovélio transferiu mais votos ao seu candidato que Miltinho para sua. E nós, com uma campanha simples, somamos mais votos que os dois juntos. Provou-se, mais uma vez, que dinheiro, é importante, mas não é tudo em uma campanha eleitoral.
Sinceramente não me preocupo com o poder econômico dos adversários. A certeza é uma: quem usa muito dinheiro para se eleger, vai usar os cofres públicos para pagar dívidas de campanha e compromete a administração. Isso eu não faço. Agora não vou morrer na praia. Vamos ter as condições necessárias para fazer uma boa campanha, tocar no coração das pessoas e construir uma nova maioria política, sem ódio, sem perseguição, sem comprometimentos mesquinhos, com um olhar para o futuro, planejado, correto e comprometido com a mudança e a defesa do interesse público.


Com a separação PT x PSB (Genilson e Miltinho), quem sai fortalecido e quem perde forças, na sua avaliação?
Costumo dizer que na política, assim como na vida, toda decisão gera uma conseqüência. O Miltinho Aragão tomou a decisão política, refletida, madura, de não honrar o compromisso político assumido conosco. Decidiu de forma consciente, com a ajuda de alguns, analisando os prós e contras. Ou seja, decidiu, ao não me apoiar, que não lhe interessava mais me ter como aliado, pois se honestamente desejasse a continuidade da aliança teria me respeitado. O próprio Geovane Castro, que participou da articulação, honrou seu compromisso comigo, pois não foi candidato a deputado estadual, abrindo o caminho para nossa candidatura. Hoje eu não posso ser penalizado pelo pecado cometido pelos outros. Continuo o mesmo Genilson Alves, não faltei em nada. Dei meu sangue e suor tanto na campanha quanto na luta na justiça. Mas a miopia e a idolatria de alguns, acabam me julgando hoje de forma desonesta, como se eu fosse o culpado e sem um pingo de respeito pelo o que nós contribuímos no processo eleitoral de 2008. Seria muito cômodo, para ganhar facilidades, ser vice de novo ao lado do Miltinho. Não ganharíamos a eleição fácil?
É bem provável. Teria um salário e benesses do poder, sem suar muito a camisa. Mas essa postura submissa, ardilosa, fisiológica, luta pura e simples pelo poder, não me motiva a estar na política, não combina com minha trajetória. Portanto, acredito que na política ganha quem erra menos e perde quem subestima a inteligência do povo. Mais importante que calcular quem perde e quem ganha com a separação é analisar que modelo de projeto, que contribuição para o conjunto da cidade essa candidatura do PT pode trazer. O restante fica a cargo da sabedoria do povo.


Quais são as propostas de campanha que você irá discutir?
Primeiro passo é abrir um diálogo com os movimentos organizados, categorias, juventude, trabalhadores rurais, entre outros, para colher subsídios para o Plano de Governo. Estamos visitando a zona rural e sentido as dificuldades do povo do campo. Vamos reunir com os agentes de saúde, professores, debater a situação da segurança pública. A partir desse diagnóstico vamos formular um plano de ações voltado para resolver objetivamente os problemas das pessoas. Vamos debater nosso Programa de Governo antes da campanha, é nosso compromisso. E nosso Projeto Popular está centralizado em três princípios basilares: a prevalência do interesse público, a participação popular e a transparência na administração do recurso público. Enquanto não houver compromisso em defender o interesse da sociedade os políticos farão o mesmo, muda de pessoa, mas a prática continua. O engajamento, o compromisso de vida de cada um ajuda a identificar esse compromisso; participação popular significa democratizar a administração, ouvir a comunidade e decidir juntos. Quem melhor para apontar os problemas e soluções do que quem realmente vive na pele o drama da falta da água, da insegurança, do posto de saúde.? E o princípio da transparência é nosso compromisso em combater a chaga da corrupção. Praga rotineiro que a gente acaba banalizando ao dizer que “todo político rouba”, por isso “não tem jeito”. Não podemos ser condescendente com o “rouba mas faz”. O combate a corrupção é compromisso de vida. Fui assim no movimento estudantil, fui assim no sindicato do Tribunal de Contas e sou assim no PT. Dar transparência à sociedade dos recursos repassados é o dever do gestor probo e fortalecer mecanismos de controle social ajuda na tarefa de fechar o ralo da corrupção.
A partir dessa matriz ideológica vamos resgatar o papel do serviço público. Valorizando e capacitando as carreiras, humanizando e equipando o setor da saúde, trazendo um novo olhar sobre a educação, trabalhada para educação libertadora, cultivar a cultura da paz com ações afirmativas valorizando mulheres, idosos e crianças; trabalhar o Plano Diretor e organizar a infra-estrutura da cidade, ter um olhar de empreendedorismo na agricultura, apoiando quem mais precisa para alavancar a produção e principalmente, trabalhar uma política sistemática de valorização da juventude. Não podemos perder a juventude para a criminalidade. Os jovens são os mais submetidos ao descaso e abandono, sendo obrigados a ganhar a vida longe da família, muitas vezes no sub-emprego. Juventude precisa da qualificação profissional, se quiser viajar terá ao menos uma profissão; se quiser continuar os estudos ter acesso ao ensino superior; mas também precisa conhecer a prática da cultura e esporte. Ganhar a juventude pelo lúdico também apresentando a magia do teatro, da capoeira, da dança,
do cinema, da poesia; e elaborar um projeto pioneiro de inclusão digital e inclusão no esporte, fortalecendo o atletismo, os esportes coletivos e um olhar profissional sobre nosso futebol. São muitos os desafios mas junto ao governo da nossa presidenta Dilma e buscando alternativas de desenvolvimento para a cidade podemos realizar um governo de transformação, respeitando a dignidade da pessoa humana.


Que mensagem você deixa à população que assiste ao cenário pré-eleitoral, onde há tantos pretensos candidatos e como diferenciá-los?
A mensagem é de vigília. É preciso conhecer a história de vida de cada um e o que defendem. O candidato não pode ser candidato de si mesmo, deve defender algum projeto. Muitos afirmam que serão candidatos mas condicionam essa decisão a uma resposta do atual prefeito. Outros nem filiados são ou tem controle sobre seus partidos. Não acredito em tantos nomes. Vejo uma disputa acirrada no grupo da situação pela indicação o que poderá desembocar em mais de uma candidatura.
Político que depois de anos não consegue apresentar um proposta concreta não merece confiança. Não é porque fulano apresentou alguém que você é obrigado a acompanhar se você não sentiu confiança. O modo como fazem campanha também é importante: com muito dinheiro, comprando votos e abusando da lei é um sinal de que a administração vai ser péssima. Siga sua intuição e avalie o projeto que cada um representa. Assim poderemos escolher melhor e alcançar com plenitude a cidadania.

1 comentários:

Anônimo disse...

FOI MUITO BOM, A RESPOSTA FOI A ALTURA MOSTRA QUE ELE ESTA PREPARADO PARA SER O FUTURO PREFEITO DE SÃO MATEUS, NEM JACARE NEM BODE, AGORA VAMOS COM O PT GENILSON ALVES.

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