Que repercutiu, repercutiu, sabemos. Como soubemos do lançamento da bigodegrafia, digo, biografia do político por estas plagas. Aliás, que coberturazinha horrível e bajulatória a dos meios de comunicação em geral por aqui, hein? A que, aliás, se soma o colunista duas letras, cometendo inclusive ato falho, chamando o chefe simplesmente de “presidente”, quando deveria escrever “presidente do Senado”. Terá o colunista lido o texto de Xico Sá sobre o assunto? Ou a notassarro de Tutty Vasques? Não creio.
A propósito, dialogando com o primeiro, lembro da máxima de Millôr Fernandes: “a literatura de Sarney é tão ruim, mas tão ruim, que quando você larga um livro dele, não consegue mais pegar”. Daí o encalhe de volumes e volumes, inclusive autografados, nos sebos, não só da Ilha: quase mil volumes, numa busca simples na Estante Virtual. O ex-Pasquim, aliás, com seu tratado sobre Brejal dos Guajás (1985), me economiza a tarefa árdua e inglória de lê-lo (de Paulo Coelho ainda li um livro entre o fim da infância e o início da adolescência para dizer que sua literatura não presta; de Sarney, nem disso precisei, ave, Millôr!).
Quem ler a “análise crítica” de Millôr, aliás, verá ali um pouco de Sarney, digo, um quê de autobiografia na obra. Terá Regina Echeverria começado a tomar o rumo da biografia autorizada a partir dali? Aliás, será o livro da jornalista a versão de Sarney para os fatos de Honoráveis bandidos, de Palmério Dória? Que, aliás, já havia escrito A candidata que virou picolé, sobre a ascenção e queda da filha Roseana Sarney em seu desejo de tornar-se a primeira presidenta da República, sim, ela o teve um dia. E, bem, eu prefiro “presidente” a como chamam a Dilma.
Outro quê autobiográfico em obra do presidente do Senado é encontrado no início de Norte das águas, como bem lembra por e-mail o professor Chico Gonçalves, trechos abaixo, em itálico:
“Neste mares, Mestre João?”
“Sim, cá e code.”
“Por amor de quê?”
“Para sofrer menos.”
“Sofrer de menos ou sofrer de mais?”
“Tanto faz.”
“Andando que rumos donde?”
“Caminhos do Norte.”
“Do Norte ou da morte?”
“Tanto faz.”
“Norte de quê?”
“Das águas, compadre.”
“Das águas de mais ou das águas de menos?”
“Tanto faz.”
“Águas ou éguas?”
“Tanto faz.”
José Sarney é o homem do “tanto faz” (com todo respeito, mestre Reinaldo Moraes): Com a ditadura ou a democracia? Tanto faz. Com FHC ou Lula? Tanto faz. Com fraude ou sem fraude? Tanto faz. Tanto faz, o negócio é manter o poder, a qualquer custo.
Na literatura ou na política? Tanto faz.
Aliás, aí é um tanto faz com ressalvas: em tese, o autor de O dono do mar é menos nocivo na literatura, já que o leria quem quisesse. Mas as coisas não são bem assim. Enquanto mandava mais uma cerva pra dentro, ontem, comentava tudo isso com a esposa. Ela já havia lido essa última obra que cito, por obrigação, para um vestibular (já pensou se a moda pega?): “uma costura mal feita de um monte de histórias mal contadas de pescadores e fantasmas”, foi mais ou menos o que me disse. “Deve ser cine trash então”, mandou ainda quando informei que o livro havia virado filme.
Minha esposa tem razão: trash total, saca só o trailer:
Os Sarney José e Roseana anunciaram pendurar as chuteiras em 2014. Dois bons motivos para comemorarem brasileiros e brasileiras.
http://zemaribeiro.wordpress.com/2011/07/21/sarney-quer-se-dedicar-a-literatura/
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