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Em
mais uma operação, denominada “voucher”, a Polícia Federal cumpriu 36
mandados de prisão, com objetivo de desbaratar quadrilhas encravadas no
Estado brasileiro, dessa vez no Ministério do Turismo, cujo ministro é
Pedro Novais, conhecido dos maranhenses por um mistério: não faz
comício, quase não é visto fazendo campanha e sempre se elege.
Nas
anotações das conversas telefônicas, cujas escutas foram permitidas com
autorização judicial, ouviu-se que era para ser liberada verba de uma
emenda para um projeto, que era só confusão, mas era do “interesse do
Sarney”.
Defendendo-se
das acusações, o senador Sarney, por intermédio de porta-voz, afirmou
sua inocência, a probidade da sua vida pública, que não existe nada que o
ligue a mais esse escândalo.
Abaixo, em reportagem especial de Leandro Colon, para o Estado de São Paulo,
os detalhes do esquema de corrupção e fraude, com os envolvidos citando
o nome de Sarney como interessado direto na liberação das emendas.
Um
projeto do Ministério do Turismo que, segundo a Polícia Federal, seria
de interesse do senador José Sarney (PMDB-AP) recebeu R$ 3 milhões do
governo e nunca saiu do papel.
No
inquérito, o convênio é apelidado de "Amapá 2". A polícia trata o
contrato, ainda em vigência, como "fraudes em andamento"."Em diversas
interceptações telefônicas feitas com autorização judicial, é possível
perceber a preocupação dos investigados com este convênio que chamam de
Amapá 2", diz relatório da PF obtido pelo Estado de São Paulo.
Trata-se,
segundo o inquérito, do contrato firmado pelo Ministério do Turismo com
o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável
(Ibrasi), entidade de fachada que é pivô do esquema investigado. O
convênio, no valor total de R$ 5 milhões, foi assinado para "Implantação
de processos participativos para Fortalecimento da Cadeia Produtiva de
Turismo do Estado do Amapá", mas nunca existiu de fato. A ONG tem sede
em uma sala num pequeno centro comercial de Macapá.
Esse
contrato foi assinado por Frederico Silva da Costa, atual secretário
executivo do ministério, preso pela PF sob acusação de envolvimento no
esquema. Segundo o inquérito, o Tribunal de Contas da União (TCU) também
investiga esse contrato.
Na
quinta-feira, 11, o Estado revelou uma gravação feita pela PF com
autorização da Justiça em que o secretário nacional de Programas de
Desenvolvimento do Turismo, Colbert Martins, preso na terça-feira,
manifesta preocupação com um eventual cancelamento do contrato que,
segundo ele, seria de "interesse" de Sarney.
Na
conversa com sua chefe de gabinete, Colbert diz que o projeto é ligado à
deputada Fátima Pelaes (PMDB-AP). No diálogo, ocorrida na tarde de 28
de julho, Colbert afirma: "E tem que ver aquela obra lá do Amapá, aquela
lá da Fátima Pelaes, daquela confusão do mundo todo que é interesse do
Sarney. Tá certo? Que se cancelar aquilo, aquilo tá na bica de
cancelamento, enfim, algumas que eu sei de cabeça, assim. Cancela
aquela, pega Sarney pela proa, já vai ser mais confusão ainda, ok?".
Emendas: Fátima
é autora das duas emendas para o Ibrasi, que, por indicação da
deputada, assinou dois convênios com o Turismo. O primeiro, de R$ 4
milhões, deu origem ao inquérito que levou à Operação Voucher. O
segundo, de R$ 5 milhões e apelidado de Amapá 2, foi incluído na
investigação pelo Ministério Público Federal após se identificar que o
projeto nunca existiu.
Ao
analisar num relatório sigiloso o teor da conversa entre Colbert e a
assessoria, a PF afirma: "Abadia, assessora de Colbert, fala sobre o
cancelamento de convênios de 2007, 2008 e 2009 que ainda não iniciaram.
Colbert afirma que precisa analisar os de 2009 para decidir quais serão
realmente cancelados, citando alguns exemplos, entre eles o Amapá 2,
dizendo que seria problemático cancelar, pois seria do interesse de
Sarney".
E
continua: "Conclui-se, assim, que o período analisado ajudou a desvelar
os motivos pelos quais os funcionários do Ministério do Turismo não
acompanharam devidamente a execução do convênio sob investigação,
deixando ocorrer várias irregularidades em sua execução."
Uma
gravação telefônica mostra os diretores do Ibrasi, Luiz Gustavo Machado
e Maria Helena Necchi, preocupados com um possível cancelamento deste
segundo convênio com o Turismo. Os dois foram presos pela polícia. "Eles
querem cancelar o dois mesmo", diz Luiz Gustavo, relatando o teor de
uma reunião com Antônio dos Santos Júnior, assessor de Frederico Costa.
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