Uma
marcha com cheiro de povo. Será assim a III Marcha do Povo Contra a
Corrupção e Pela Vida, que ocorrerá no dia 7 de outubro de 2011, data em
que mais de 2 mil mulheres, homens, jovens e crianças, marcharão pelas
principais avenidas de São Luís, capital do Maranhão.
Caravanas
de todas as regiões do estado se encontrarão e marcharão 13 quilômetros
a pé. A III Marcha é o ápice das mobilizações ocorridas durante todo o
ano no interior maranhense pelas Redes e Fóruns de Cidadania do
Maranhão, com o apoio da Cáritas Brasileira e de outras organizações
sociais que combatem a corrupção e lutam pela efetivação dos direitos
humanos.
Os
marchantes ocuparão as ruas da capital maranhense a fim de denunciar o
desastre provocado na vida de milhares de maranhenses por conta do
desvio, da malversação, do “roubo” do dinheiro público. O que, em
linguagem clara, significa negação de políticas públicas e violação
sistemática de direitos humanos.
Tudo
isso coloca o Maranhão como o estado com o maior contingente do seu
povo vivendo abaixo da linha da pobreza, sendo-lhes negados direitos
elementares como o direito à saúde de qualidade, à habitação, à
educação, à terra, à alimentação, ao emprego, direitos gravados a duras
penas na lei maior do nosso país.
Quando
não se aplica devidamente os recursos públicos, aumenta o fosso entre
ricos e pobres, corrói-se a democracia e a república e nosso estado
democrático de direito torna-se letra morta. A corrupção tem relação
íntima com a violação dos direitos humanos, com o empobrecimento do povo
e com o não florescimento da cidadania.
Assim,
a III Marcha do Povo Contra a Corrupção e Pela Vida tem como função
precípua criar uma consciência coletiva de que os recursos públicos
malversados, desviados, roubados criam o delinquente social. A criança
não estudará em uma escola digna, o camponês não terá terra para
plantar, o jovem emigrará para outros estados em busca de emprego,
surgirá a prostituição e o medo prevalecerá sobre a esperança.
Na
oportunidade, as organizações que coordenam a marcha entregarão dez
dossiês feitos ao longo do ano sobre o volume de corrupção nas
prefeituras maranhenses, principalmente no que tange os recursos
federais canalizados aos municípios. E, por óbvio, a consequência direta
da corrupção na efetivação das políticas públicas e dos direitos
fundamentais.
Os
dossiês foram feitos nos seguintes municípios, dando ênfase aos devidos
casos, respectivamente: São Benedito do Rio Preto, obras inacabadas e
empresas “fantasmas”; Vargem Grande, estradas vicinais e perfuração de
poços; Presidente Vargas, sistema educacional e fundo de previdência do
município; Itapecuru–Mirim, estradas vicinais e escolas; Cantanhede,
hospital e matadouro público; Anajatuba, Fundeb, despesas de campanha e
sistema de saúde; Turilâdia, estrutura das escolas municipais; Santa
Helena, escolas públicas e sistema de saúde; São João do Caru, estrada
estadual “fantasma”; Lago dos Rodrigues, demissão ilegal de funcionários
públicos; e Codó, construção de pontes e violação de direitos de
pessoas que estão desabrigadas.
A
Marcha do Povo Contra a Corrupção e Pela Vida vai para além da denúncia
de prefeitos e vereadores; quer demonstrar que a corrupção acontece, os
corruptos só agem porque têm a certeza da impunidade, ou seja, os
órgãos públicos responsáveis pela fiscalização pouco agem.
No
Maranhão, o Ministério Público Estadual e o Poder Judiciário devem ser
corresponsabilizados por esse sistema perverso de corrupção instalado e
ramificado em todas as instâncias e poderes no estado. Tudo acontece à
vista destes órgãos. Por isso, a Marcha também tem este propósito: de
mostrar que os políticos têm relações políticas, de amizades,
empresariais e familiares entre os poderes. Por conta disso, as ações e
representações feitas pela cidadania organizada quase sempre estão
condenadas a mofarem nas gavetas das comarcas.
No
entanto, tem sido cada vez mais crescente a consciência de que é
impossível se constituir uma sociedade verdadeiramente democrática e que
garanta direitos se não combatermos com todas as nossas forças esta
chaga chamada corrupção.
Se
não enfrentarmos a corrupção hoje, certamente passaremos para a
história como o país da injustiça, como o país que rouba os sonhos e
degrada a vida, pois “dinheiro roubado, vida assassinada”!
A
III Marcha do Povo Contra a Corrupção e Pela Vida constitui-se como
exemplo a ser seguido no Brasil, pois, não se trata de uma organização
de uma meia dúzia de letrados, mais sim de uma ampla mobilização
envolvendo pessoas de variadas classes sociais: quebradeiras de coco,
estudantes, camponeses, indígenas, funcionários públicos, vaqueiros e
movimentos sociais de todas as regiões do estado.
Iriomar Teixeira - Assessor Jurídico dos Fóruns e Redes de Cidadania do Maranhão
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