Personalidades maranhenses recebem premiação nacional da Cultura

Enviado em 9 de novembro de 2011
Duas personalidades maranhenses receberão, pela primeira vez, a mais alta condecoração da cultura brasileira, as insígnias da Ordem do Mérito Cultural (OMC) 2011. A secretária de Estado de Igualdade Racial, Claudett Ribeiro, e o cantor e compositor João do Vale (in memoriam), representado pelo filho Riva do Vale. Eles serão agraciados com as comendas hoje, no Teatro de Santa Isabel, em Recife (PE). Esta será a primeira vez que a Região Nordeste será palco da solenidade.
As insígnias serão entregues pela Presidência da República e Ministério da Cultura a personalidades, grupos de pessoas, iniciativas e instituições que tenham prestado relevantes contribuições para a cultura do país. “Para nós foi uma alegria quando soubemos da escolha do nome dele, afinal trata-se de um artista que figura na constelação dos grandes nomes da música brasileira”, destaca Riva do Vale, ressaltando que personalidades como Vinicius de Moraes e Carlos Drummond de Andrade já foram agraciados com a mesma comenda. Além dos dois maranhenses, receberão a comenda mais 49 representantes da cultura brasileira.
Riva do Vale destaca a importância de maranhenses figurarem na lista dos agraciados com a OMC. “Perto de São Luís celebrar 400 anos, este é um presente, demonstra nossa força cultural, é um momento de divulgarmos ainda mais esste potencial”, opina.
O Minc tem conferido à OMC ampla abrangência temática, de forma a contemplar áreas do saber e do fazer que se tornaram marcante na cultura, dentro e fora do país, e que sejam representativas da riqueza e da diversidade cultural brasileira.
A escolha dos agraciados ocorre todos os anos por meio de seleção entre nomes previamente indicados. Qualquer pessoa pode fazer uma indicação, dentro do prazo estabelecido, preenchendo o formulário disponível na página do ministério ou enviando pelos Correios para a sede, em Brasília.
Os indicados são avaliados por uma Comissão Técnica, constituída por gestores das Secretarias do Ministério da Cultura, que emite parecer conclusivo antes de encaminhá-los à consideração do Conselho da Ordem do Mérito Cultural. Integram o Conselho da OMC, a ministra da Cultura, que o preside na qualidade de Chanceler, e os ministros de Estado das Relações Exteriores, da Educação e da Ciência e Tecnologia.
Agraciados – Poeta popular, eleito o Maranhense do Século e um dos mais expressivos artistas brasileiros, João Batista do Vale nasceu em Pedreiras em 1934. A música esteve em sua vida desde os primeiros anos, mas ainda criança teve de trabalhar para ajudar a família. Aos 13 anos mudou-se para São Luís, onde participou de um grupo de bumba meu boi, o Linda Noite, como amo.
Foi no Rio, participando de programas de rádio, que João do Vale conheceu artistas e pode apresentar suas composições, em sua maioria baiões. A primeira música de sua autoria foi gravada por Zé Gonzaga e Cesário Pinto e fez sucesso no Nordeste. Em 1953, a cantora Marlene lançou em disco Estrela miúda, que também teve êxito; outros cantores, como Luís Vieira e Dolores Duran, gravaram músicas de sua autoria. Em 1964, estreou como cantor no restaurante Zicartola, onde nasceu a ideia do show Opinião, dirigido por Oduvaldo Viana Filho, Paulo Pontes e Armando Costa, que foi apresentado no teatro do mesmo nome, no Rio de Janeiro.
Dele participou, ao lado de Zé Kéti e Nara Leão, tornando-se conhecido principalmente pelo sucesso de sua música Carcará (com a participação de José Cândido), a mais marcante do espetáculo, que lançou Maria Bethânia como cantora. Como compositor, em 1969 fez a trilha sonora de Meu nome é Lampião (Mozael Silveira). Depois de quase 10 anos, lançou, em 1973, Se eu tivesse o meu mundo (com Paulinho Guimarães) e em 1975 participou da remontagem do show Opinião, no Rio de Janeiro.
Em 1982 gravou seu segundo disco, ao lado de Chico Buarque, que, no ano anterior, havia produzido o LP João do Vale convida, com participações de Nara Leão, Tom Jobim, Gonzaguinha e Zé Ramalho, entre outros. Em 1994, Chico Buarque voltou a reverenciar o amigo, reunindo artistas para gravar o disco João Batista do Vale, prêmio Sharp de melhor disco regional. O artista morreu em São Luís, em 1996.
À frente da Secretaria Estadual de Igualdade Racial, Claudett de Jesus Ribeiro é formada em Geografia, História e Direito e é mestre em Administração de Sistemas Educacionais. É também especialista em Planejamento e Administração de Sistemas Educacionais e Sociologia; em Desenvolvimento Internacional Partners of America (Washington, Guatemala, Paraguai, Argentina, Caribe, Miami, Texas, México e Pensilvânia).
Claudett Ribeiro é também consultora do Unicef, PNUD, BID, Banco Mundial, IFAN e Fundação Josué Montello. A maranhense foi ainda secretária Adjunta de Desenvolvimento Social.

Jornalista Pagu inspira a premiação do Minc

O tema da Ordem do Mérito Cultural de 2011 é a jornalista e escritora Patrícia Rehder Galvão (1910-1962), mais conhecida pelo apelido de Pagu. Inquieta e de comportamento destemido, Patrícia era feminista e militante do Partido Comunista Brasileiro. Ficou conhecida como uma mulher que viveu à frente de sua época, que sempre buscou quebrar preconceitos.
A escolha de Pagu como tema da edição 2011 da OMC, segundo a ministra da Cultura, Ana de Hollanda, é uma justa homenagem. “A uma mulher extraordinária, raro exemplo de militância cultural, política e existencial, sempre com uma perspectiva inovadora e transformadora”, disse ela por intermédio de sua assessoria de imprensa.
A ministra comentou também a decisão de realizar pela primeira vez a entrega das medalhas do Mérito Cultural em um estado da região Nordeste. “A escolha de Pernambuco reforça a nossa visão da riqueza e da multiplicidade culturais do Brasil. O estado vive hoje um momento novo e especial de sua história, expressando-se com vigor nos mais diversos campos do fazer e do criar”, afirmou.
Instituída pelo Minc em 1995, a OMC já concedeu mais de 500 condecorações a nomes ilustres da história e das artes brasileiras, tais como Santos Dumont (in memoriam), Bibi Ferreira, Ângela Maria, Cartola (in memoriam), Ana Botafogo, entre outros.
Fonte: O Estado do Maranhão

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