Viva a democracia, viva o Corinthians! Viva Sócrates.



O Corinthians é um clube de futebol fundado em 1910. Na época o funtebol era um esporte elitizado. Os principais clubes eram formados por pessoas que integravam as classes mais altas. Integrantes de classes sociais baixas somente praticavam o futebol nos chamados times de várzea.
Contra esta tendência, um grupo formado por cinco operários da Companhia de Estrada de Ferro criaram um futebol do povão, pintores de parede, sapateiro, motorista e trabalhador braçal do bairro do Bom Retiro foram assistir ao jogo de um  tal Corinthian Team da Inglaterra que estava ganhado todas dos times paulista e carioca na época.
Após a partida, durante a volta para casa, os cinco rapazes depararam-se com um terreno baldio na esquina da rua José Paulino com a rua Cônego Martins, que fez com que o grupo parasse e o contemplasse. Desejosos de vê-lo transformado em um campo de futebol. E já impressionados pela atuação do time inglês, em uma rápida conversa, estabeleceu que no dia seguinte, 1° de setembro, deveria realizar uma reunião com a participação de alguns convidados (demais moradores do bairro). Então, sob a luz de um lampião, todos discutiam o futuro do clube sonhado.
A denominação de Corinthians foi em homenagem à equipe inglesa que realizara grandes exibições há alguns dias.
Mas havia algumas dificuldades a ser vencidas, como a aquisição de uma bola e do campo. Como não dispunham de recursos, o jeito foi iniciar uma campanha para angariar sócios. Para se comprar a primeira bola, uma lista percorreu todo o bairro, pois era necessário 6 mil-réis para se adquirir o principal instrumento do novo time. Sobre o balcão de uma lojinha os diretores derramaram os tostões, duzentos-réis e até vinténs que completavam o preço daquela bola de capão oficial. Todos queriam tocar naquele instrumento que rolaria pelos campos da várzea paulista. Foi a primeira etapa vencida, com sacrifício, por aquele grupo de idealistas que queria mudar os rumos do futebol paulista, então elitizado e reservado apenas para um determinado grupo social, formado por ricos e estudantes, enquanto pobres e analfabetos eram excluídos.
O Corinthians foi ganhando a simpatia popular através de suas humildes exigências: na ficha de sindicância - para o quadro associativo era mais credenciado aquele que se apresentasse como operário comum, trabalhador braçal, enfim, todos os interessados, pois não havia preconceito de cor nem privilégios para esse ou aquele.


A Democracia Corintiana. 

Um movimento surgido na década de 1980 no Corinthians, liderado por um grupo de futebolistas politizados entre eles Sócrates. Constituiu o maior movimento ideológico da história do futebol brasileiro. As decisões importantes, tais como contratações, regras da concentração, entre outros, eram decididas pelo voto, sendo assim uma forma de autogestão, onde desde o zelador ao presidente tinha voz e voto em peso igual.
Começou em abril de 1982 quando Waldemar Pires é eleito para assumir o Corinthians. Pires escolheu como diretor de futebol do clube um sociólogo, Adílson Monteiro Alves que primava por ouvir os jogadores. Somando isso a jogadores politizados, como Sócrates e Wladimir, começou uma revolução dentro do Corinthians.
O time estampava em suas camisas frases de cunho político, como "diretas-já", "eu quero votar para presidente". Isso no período da ditadura militar, quando os movimentos sociais começavam a se rearticular para a instituição de uma democracia. O que causou desconforto entre os militares, que através do brigadeiro Jerônimo Bastos, pediram moderação ao clube.

Salve Dr. Sócrates

Tal como Marx para o socialismo, está Sócrates para a democracia corintiana. Neste dia 4 de dezembro, nos despedimos de uma das figuras mais marcantes e, talvez, a mais atuante politicamente da história do esporte no Brasil. Recentemente pediu diretas já para a CBF.
 
O Sócrates que nos deixa, encantou os olhos de quem viu seus toques de calcanhar tão característicos, mas também emocionou quem acompanhou suas entrevistas e viu a postura corajosa de quem não aceitou ser meramente comandado por outros. Com Sócrates, morre um pouco do espírito contestador dos jogadores de futebol, algo tão raro nos tempos atuais.

"Sempre lutei pelo voto direto e continuo a acreditar ser esse o melhor meio de avaliação democrática. Com ele respeita-se a alternância de poder, tão necessária, principalmente naqueles tempos de ditadura militar", Sócrates.
Viva a democracia, viva o Corinthians!  E que esteja Viva a memória de Sócrates. 

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