ÉTODO MILITARISTA
Rovélio teria chamado a professora Maria de Fátima de ‘negrinha’ e mandado espancar o jornalista Stuart Jr.
Coronel reformado da Polícia Militar, tendo atuado em Livramento (bairro de Peritoró) e Timon, o prefeito de São Mateus, Francisco Rovélio (PV), é acusado pela oposição de adotar no município um comportamento semelhante ao dos militares durante o regime de exceção que vigorou no país de 1964 a 1985. “Ele instalou em São Mateus uma política de intimidação inspirada na ditadura militar”, disse ao JP na Estrada Hamilton Nogueira Aragão, o “Miltinho” (PSB), que perdeu a eleição para Rovélio em 2008 por apenas 22 votos e é autor de todas as ações visando cassar a diplomação do prefeito.
Miltinho afirmou que Rovélio, além de comemorar suas reconduções ao cargo, depois das cassações, com provocações ostensivas aos adversários em suas próprias casas, também “mandou espancar um jornalista, exibiu uma arma para um comerciante e cometeu crime de racismo ao chamar de ‘negrinha’ uma professora da rede pública que é contra ele”.
Em relação a essa última acusação, o JP falou com a professora Maria de Fátima Lima Lopes, 36 anos, que confirmou a denúncia.
Segundo Maria de Fátima, o prefeito ficou irritado porque ela e um grupo de pessoas provocaram o adiamento de um concurso público para professor, em 25 de outubro de 2009, em razão de seus nomes não constarem na listagem apresentada no local da prova – a Escola Estadual São José, no povoado Piqui. Isso apesar de todos terem em mãos os comprovantes das inscrições, cuja taxa foi de R$ 60.
Devido ao problema, a data das provas foi transferida para 15 de novembro. Maria de Fátima contou que chegou às 7h na Escola Municipal José de Sena Rosa (Avenida Rodoviária, na sede), para onde foi designada, ocasião em que, inesperadamente, o prefeito Rovélio – que estava acompanhado por cinco seguranças – bateu em seu ombro e começou a dirigir a ela um rosário de ofensas.
“Baderneira”, “bagunceira”, “arruaceira” e “negrinha” teriam sido alguns dos termos usados pelo gestor contra a professora.
Depois de fazer a prova, Maria de Fátima registrou ocorrência na Delegacia de Polícia de São Mateus e denunciou o caso ao promotor da Comarca, Clodomir Bandeira Lima Neto. Nenhuma apuração sobre o caso foi determinada até agora, tanto pela polícia como pelo MP.
Agressão a jornalista – O jornalista e blogueiro Luís Stuart Júnior também acusa o prefeito Rovélio de truculência, neste caso agressão física, que teria ocorrido no último dia 3. Veja o que Stuart registrou em seu blog (jornalregionalma.blogspot.com):
“Durante uma palestra, na qual estavam o deputado estadual Tatá Milhomem, empresários e vereadores da base do prefeito, sr. Francisco Rovélio, mais conhecido como ‘Coronel Rovélio’, que comemorava mais uma volta ao cargo sob força de liminar (pela terceira vez), após o pronunciamento de lideranças políticas locais e a fala do deputado [Tatá], o ‘Coronel Rovélio’, ao ser informado de que estavam filmando seu discurso, deu a ordem: ‘ali, segurança, quem tá filmando, bate, quebra’. Dos mais de trinta seguranças, oito, usando camisas pretas com os dizeres ‘Anjos da Noite’, partiram para cima de mim com golpes de cassetetes e pontapés. A ordem foi dada em pleno palanque, no microfone, para que todos os presentes pudessem ouvir e ver. Quando eu simulei um desmaio, o ‘coronel’ disse: ‘Não precisa mais bater, pega só a câmera’. Foi só aí que a porrada parou e eu busquei proteção da polícia, que estava ali, a menos de 20 metros do ocorrido. Os seguranças levaram meu celular e ninguém foi preso. O Ministério Público Federal e o Conselho Nacional de Justiça acompanham o caso”.
DEMONSTRAÇÃO DE PODER Nas carreatas em que comemorou suas três reconduções ao cargo – apesar dos sérios indícios de irregularidades no pleito de 2008 –, o prefeito Rovélio não se furtou à demonstração de poderio político e econômico, à moda dos antigos coronéis nordestinos. Na última celebração, além de se paramentar com o uniforme de coronel da PM (ele é reformado), trouxe de fora do estado dezenas de seguranças brutamontes – os ‘Anjos da Noite’ –, que dirigiam olhares mal-encarados aos ‘suspeitos’ de serem adversários do prefeito. Os ‘Anjos’ também distribuíram socos e pontapés num jornalista – Stuart Júnior – que cobria um ato de Rovélio. SAÚDE POLITIZADA
Os hospitais de São Mateus abrem e fecham de acordo com os ventos políticos. De 2001 a 2004, na gestão da prefeita Ana Maria Nunes Correia de Castro (mulher do ex-deputado Geovani Castro), o hospital dela (Geral) era a casa de saúde ‘oficial’ do município. Hoje o hospital de Ana Castro está fechado. Só há o Pronto Socorro e Hospital Municipal de São Mateus, propriedade de Pentecoste Oliveira, marido da vereadora Katya Theresa Sousa de Oliveira (PT do B), aliada do prefeito Rovélio. Pentecoste recebe cerca de R$ 50 mil mensais de aluguel da prefeitura. Fala-se no município que a governadora Roseana Sarney já ofereceu recursos para a construção de um hospital estadual na cidade, mas Rovélio teria recusado a oferta, para não desagradar Pentecoste e Katya. O diretor do hospital, Guilherme Salomão, afirmou ao JP na Estrada que a casa de saúde oferece um bom atendimento aos mateuenses e até a pacientes de outros municípios, como Alto Alegre. Mas, há cerca de quatro meses, o Ministério Público interditou a sala de cirurgia do hospital, que tinha excesso de mofo e umidade.









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