O HORIZONTE É A ESPERANÇA
Sobre
 a utopia, o escritor uruguaio Eduardo Galeano já nos explicou: “a 
utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois
 passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que
 eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para 
isso: para que eu não deixe de caminhar”. Ou seja, estejamos em 
permanente movimento, na luta rumo a nossos sonhos. O sonho, por 
exemplo, de uma sociedade justa, igualitária, sem im-pu-ni-da-de!
Ao
 longo da semana que passou, vimos em São Luís um chocante caso de 
impunidade: o motorista Rodrigo Araújo atropelou e matou Solange Cruz e 
Ubiraci Filho, estudante de 13 anos, na avenida Litorânea. Preso em 
flagrante, pagou R$ 6 mil reais de fiança e foi embora. Com advogado 
devidamente contratado, tenta se livrar da punição, como se a culpa 
fosse das vítimas pelo fato dele dirigir em alta velocidade,
 numa via de grande circulação de pessoas e limite de velocidade em 60 
km/h, o Toyota Corolla (sem IPVA pago, com sete multas no DETRAN...) que
 matou Solange Cruz e Ubiraci Filho.
Em
 passeata na Litorânea, familiares, amigos e colegas da escola onde 
estudava Ubiraci, fizeram caminhada por justiça, contra a violência e a 
impunidade no trânsito. Lá, conheceram outros casos que, em geral, têm 
as mesmas características: alta velocidade, bebida e inação da justiça 
junto aos infratores – também geralmente jovens de alto poder econômico e
 de pais influentes nas altas rodas do poder.
Por
 volta de 1989, lembro do caso de um colega do Marista que morreu 
afogado na praia do Calhau. Não havia salva-vidas nas praias à época. A 
partir da dor dos familiares, do apoio dos professores e da 
solidariedade dos colegas, os estudantes do Marista fizeram uma passeata
 do colégio até a Prefeitura de São Luís. Lá, reunidos com o então 
prefeito Jackson Lago, foi entregue um abaixo-assinado e a reivindicação
 de instalação de postos de salva-vidas nas praias de São Luís. Da 
tragédia pessoal de um colega, materializamos a utopia em uma política 
pública.
Ao
 mobilizar seus colegas de turma, os estudantes do Reino Infantil 
contribuem para que a dor da perda de um dos seus possa transformar uma 
outra utopia em política pública: a tolerância zero com a impunidade no 
trânsito. Ao reivindicar justiça, reforçam na sociedade a defesa de leis
 mais rigorosas para os infratores criminosos.
Esta
 semana, o Senado Federal aprovou projeto de lei que estabelece que 
dirigir sob efeito de qualquer nível de concentração de álcool será 
considerado crime. A prova da embriaguez dos motoristas que se recusarem
 a soprar o bafômetro poderá ser feita apenas por testemunhas, imagens 
ou vídeos. A pena contra motoristas que dirigirem embriagados será de 6 a
 12 anos de prisão, além de multas e da proibição de dirigir; se o 
acidente resultar em morte, o infrator será condenado à prisão pelo 
prazo de 8 a 16 anos, ficando igualmente proibido de obter habilitação 
para conduzir veículos.
O
 projeto segue à Câmara dos Deputados. Se aprovado também por lá, irá à 
sanção presidencial para tornar-se lei. Eis o momento de não parar, de 
continuar em movimento e pressionar os deputados federais maranhenses a 
votarem à favor dessa lei.
Familiares
 das vítimas, estudantes do Reino Infantil e demais escolas, você caro 
leitor, cara leitora, envie uma mensagem aos deputados federais 
maranhenses e peça que eles votem contra a impunidade no trânsito. São 
eles:
Alberto Filho (PMDB) - dep.albertofilho@camara.gov.br;
Lourival Mendes (PTdoB) - dep.lourivalmendes@camara.gov.br;
Nice Lobão (PSD) - dep.nicelobao@camara.gov.br;
Pedro Novais (PMDB) - dep.pedronovais@camara.gov.br;
Zé Vieira (PR) - dep.zevieira@camara.gov.br.
Lutar
 pela aprovação dessa lei de tolerância zero com a impunidade no 
trânsito pode não resolver os casos anteriores, mas, sem dúvida, será 
uma boa forma de homenagear Solange Coelho, Ubiraci Filho e as outras 
1.319 vítimas maranhenses dos 40.610 mortos no trânsito, em 2010 
(segundo os dados do Ministério da Saúde).
Na
 luta por uma sociedade justa, igualitária e sem impunidade, nos 
movimentar rumo ao horizonte pode não nos fazer encontrar com a utopia 
mas, com certeza, faz a esperança renascer a cada passo à frente que 
damos.
Franklin Douglas, jornalista e professor, escreve para o Jornal Pequeno
aos domingos, quinzenalmente
 
 





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