CARTA DE SOLIDARIEDADE ÀS FAMÍLIAS CAMPONESAS AMEAÇADAS DA DIOCESE DE COROATÁ




Carta lida na missa da Igreja Matriz de São Mateus no Domingo 09 de Dezembro de 2012.

DIOCESE DE COROATÁ

VIII ASSEMBLEIA DIOCESANA DE PASTORAL

            CARTA DE SOLIDARIEDADE ÀS FAMÍLIAS CAMPONESAS AMEAÇADAS DA DIOCESE DE COROATÁ
Eles odeiam os que defendem o justo no tribunal e tem horror de quem fala a verdade. Porque esmagam o fraco cobrando dele o imposto do trigo. Eles poderão construir casas de pedras lavradas, mas nelas jamais irão morar (Amós 5, 10-11).

1. Nós, 205 delegados e delegadas de todas as paróquias da Diocese, junto com padres e religiosas, o bispo diocesano, Dom Sebastião Bandeira Coêlho, reunidos na VIII Assembleia Diocesana de Pastoral, que contou com a assessoria do secretário geral da CNBB, Dom Leonardo Ulrich Steiner, ouvimos com preocupação e indignação as notícias mais recentes sobre violências e ameaças a centenas de famílias nas mais de 20 comunidades camponesas e quilombolas nos municípios de Codó, Timbiras, Arari, Alto Alegre, Pirapemas, São Mateus, Miranda do Norte e Peritoró, perpetradas por milícias armadas e jagunços, tendo como consequência destruição de casas, intimidação, ameaças, constantes pressões, e mortes, afim de que territórios de comunidades tradicionais sejam disponibilizados para empreendimentos capitalistas.

2. Denunciamos os latifundiários dos municípios citados, as empresas que produzem álcool, celulose, os pecuaristas e políticos (dois deputados e um prefeito) e demais aliados que apoiam o modelo de “desenvolvimento” que não reconhece direitos naturais e constitucionais, como responsáveis pelas violências contra as comunidades bem como pela devastação dos cocais e do cerrado.

3. Destacamos nesse contexto a atuação da Comissão dos Direitos Humanos da OAB-MA nas pessoas dos advogados Diogo Cabral e Antonio Rafael da Silva Júnior que estão atuando com admirável profissionalismo e competência a serviço das comunidades camponesas agredidas e ameaçadas. Diogo Cabral e Rafael fazem parte de uma longa lista de ameaçados de morte que inclui lideranças comunitárias, agentes de pastoral e padres da diocese de Coroatá.

4. Denunciamos como principais responsáveis o ITERMA, o Governo do Estado, o INCRA e o Poder Judiciário pela morosidade e omissões dos processos de reconhecimentos de territórios tradicionais e regularização fundiária. Responsabilizamos, outrossim, o IBAMA e a Secretaria do Meio Ambiente do Governo do Estado pelo descaso em relação à preservação dos biomas entregues sem a devida fiscalização à exploração das empresas do agronegócio.

5. Como Igreja, na certeza de sermos chamados a continuar a missão de Jesus Cristo, que veio proclamar justiça, o ano de graça do Senhor, a libertação dos cativos, a efetivação dos direitos, reafirmamos a todos a Boa Notícia que promete vida em plenitude e abundância para os pobres privilegiados pelo seu amor.

Coroatá-Ma., 18 de novembro de 2012.

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