Mateus Costa, por dentro da política
Sarney pode representar 'regresso', diz revista em reportagem sobre influência de família de ex-presidente no Maranhão.
A eleição de José Sarney para a presidência do Senado representa "uma vitória para o semi-feudalismo", segundo uma reportagem da revista britânica Economist que chegou às bancas nesta sexta-feira.
A reportagem, intitulada "Onde dinossauros ainda vagam" (reportagem em português no G1), comenta o passado político de Sarney e o número de vezes em que foi eleito para cargos públicos, afirmando que talvez fosse "hora de (Sarney) se aposentar".
"Sarney pode parecer um regresso a uma era de políticas semi-feudais que ainda prevalecem em alguns cantos do Brasil e puxam o resto dele para trás. Mas, com o apoio tácito de Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente de centro-esquerda do país, ele foi escolhido para presidir o Senado", diz a revista.
"Esta é a terceira vez em sua carreira que ele ocupa esse cargo poderoso, que dá a ele um grau de controle sobre a agenda do governo e oportunidades para nomear funcionários públicos."
De acordo com a revista, a escolha de Sarney vai fortalecer seu poder no Maranhão, "onde alguns moradores mantinham esperanças de que sua influência estivesse começando a ruir".
A reportagem afirma que no interior do estado o atraso é "mais evidente", onde "muitas pessoas vivem em casas de um só cômodo, cujo telhado é feito de folhas de palmeiras, e que não têm nem água nem eletricidade"."Os avanços educacionais no Estado são ruins. Sua taxa de mortalidade infantil, de 39 por mil nascidos vivos é 60% mais alta do que a média brasileira", cita a revista.
A Economist diz que não é incomum que apenas um homem ou uma família domine Estados no nordeste, mas que isso estaria mudando.
Mas o controle da família Sarney no Maranhão é reforçado pelo fato de ela ser proprietária de uma estação de TV que passa programas da Rede Globo e que, no meio das novelas, "costuma exibir reportagens favoráveis ao clã", diz a revista. "O controle das estações de televisão e rádio é particularmente útil no interior do Maranhão, onde a maioria do eleitorado é analfabeto, e onde Sarney encontra a maior parte de seu apoio", diz a Economist.
Ainda assim, o poder da família poderia estar diminuindo, afirma a revista, comentando a derrota de Roseana Sarney nas últimas eleições para governador, e as derrotas de alguns candidatos de Sarney nas eleições municipais do ano passado.
"Sarney sempre diz que o Maranhão precisa votar nele para que ele traga dinheiro de Brasília", diz à revista Arleth Santos Borges, da Universidade Federal do Maranhão. "Na verdade, ele precisa do poder em Brasília para aumentar seu poder aqui", diz a especialista.
0 comentários:
Postar um comentário
Para fazer comentário use sua Contas do Google como a do gmail, orkut entre outros. Qualquer comentário aqui postado é de inteira responsabilidade do seu autor.Comentários com palavras ofensivas e xingamentos serão excluídos.É livre a manifestação do contraditório desde citado o titular. De já agradeço.